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A emoção e a razão na escolha do nome


Começar uma empresa implica muitos riscos. No contexto atual, em que é difícil fazer planos, mais ainda. É preciso muita coragem, vontade e energia. O que quer dizer que é uma decisão que tem tanto de razão como de emoção. E ainda bem.


Mal comparado, é como decidir ter filhos. Se fizermos muitas contas, isto é, se pusermos só o lado esquerdo do cérebro a funcionar, possivelmente optamos por não ter. Vejamos: vamos aumentar os encargos familiares, que vão crescendo na mesma proporção que a criança cresce. Nos primeiros três anos, temos as fraldas. Assim que deixam de ser necessárias, a criança inicia o seu percurso escolar - uma despesa fixa que se mantém por cerca de 20 anos. No entanto, quando imaginamos um bebé, isto é, quando damos voz ao lado direito do cérebro, decidimos ser pais e a escolha do nome passa a ser a grande questão.


Acredito que seja por isso que, quando entendemos ter uma boa ideia para dar origem a uma empresa, o nome é das primeiras decisões a tomar. Seguindo-se a materialização do mesmo numa imagem, a que designamos por logótipo, e que parece conferir existência à ideia.


É verdade que, ao concretizar a identidade, a ideia passa a existir. Juntamos a isso o processo de abertura da empresa na “Empresa na Hora” e o registo de marca no INPI, et voilà, a criança nasce.


Valorizo muito a iniciativa, capacidade de decisão e o fazer acontecer, porque muitas vezes é neste processo que desbloqueamos e passamos da inércia à concretização. Mas a ação deve ser sempre o resultado de uma reflexão estruturada e planeada. A ausência de planeamento estratégico é a razão pela qual muitos projetos falham nos primeiros anos de existência. Este é um lugar-comum, quase uma verdade de La Palice, no entanto, continuam a chegar até mim ideias de empresas com a identidade criada.


Na minha perspetiva, o nome e o logótipo são a última fase de criação de uma empresa. Antes há um percurso que passa por começar por perceber a motivação dos seus mentores, objetivos e expetativas. Porque querem criar uma empresa? O que querem concretizar? Que impacto querem ter na sua vida e na vida de quem os rodeia? O que pretendem alcançar? Que riscos querem correr?


Depois é fundamental olhar para o contexto de criação da empresa: a análise do mercado. Provavelmente, hoje já não vamos inventar a roda; já existe (quase) tudo. Então o que temos de novo para oferecer? Que necessidade vamos resolver?


Acredito que, quando o que queremos criar está alinhado com os nossos valores e propósito temos, com toda a certeza, o ingrediente para que a nossa proposta seja única. No entanto, o que é que o mercado está disposto a pagar por “isso”? E “isso” permite-nos alcançar que rendimento? Entre investimento necessário, custos operacionais e projeção de vendas, vou gerar o suficiente?


Perguntas que às vezes não temos coragem de fazer.


Recentemente, uma cliente dizia-me: “as pessoas não fazem contas!”. Eu percebo. Fazer contas, muitas vezes, é um banho de água fria num cenário cor-de-rosa que tanto nos entusiasmou quando traduzimos a nossa ideia num logótipo.


É como fazer contas para decidir ter ou não ter um filho.


Por vezes, o confronto com um cenário de insucesso pode muitas vezes ser a melhor forma de encontrar a solução para criar uma empresa com as fundações certas. Ou para decidir por um caminho diferente, às vezes tão diferente do inicial que a identidade inicialmente pensada deixa de ter cabimento.


Se partirmos para o desenho de uma empresa com o nome e o logótipo podemos estar a dar pouco espaço a imaginar todas as possibilidades e escolher, de entre elas, aquela que melhor cumpre o nosso propósito e que pode trazer melhores resultados ou, pelo menos, os desejados.


O nome e a identidade da empresa são o reflexo de uma reflexão profunda de construção de um projeto muitas vezes de vida, com a certeza que, no final do dia, queremos que o seu impacto seja positivo pessoal e coletivamente.


Comecemos por refletir, estudar vários cenários e fazer contas… de propósito.




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É a base de uma boa estratégia de marketing


É cada vez mais comum ser abordada por empreendedores ou pessoas que

estão a pensar empreender, pedindo-me feedback sobre o seu negócio ou sobre a sua iniciativa na perspetiva do Marketing de Propósito.


Não há nada que me dê mais gozo. Permite-me conhecer outras pessoas, conhecer as suas ideias e olhar para os seus propósitos percebendo como posso ser útil, como posso acrescentar valor.


Muitas vezes a sugestão surge espontaneamente, outras na sequência de uma conversa exploratória agendada para esse fim.


Ofereço-o com a consciência que poderia estar a faturar como serviço.


Por vezes existe um acordo prévio de troca de serviços, mas na generalidade não acontece assim. Mesmo que o contacto não se converta em cliente, nesta abordagem há sempre uma troca, que resulta do encontro de sinergias e oportunidades.


A mais-valia do meu serviço não está na sugestão de caminhos a explorar, mas na condução desse percurso de encontro entre o que pretendemos criar, o que o mercado procura e aquilo que é o nosso propósito. Porque a minha experiência e resultados demonstram que é a melhor forma para sermos bem sucedidos.


A fronteira entre o que devemos dar e o que devemos vender é difícil de estabelecer, mas ela existe quando temos muito claro qual é a nossa proposta de valor: o que fará aquela pessoa, ou conjunto de pessoas, pagar pelo nosso serviço/ produto em detrimento de outro semelhante que esteja gratuitamente disponível no mercado.


Curiosamente, a maior parte das sugestões que tenho dado recentemente vão no sentido de ajudar a identificar o que podem oferecer gratuitamente aos seus públicos. O que é que guardamos de conhecimento e experiência com valor que podemos dar? Um exercício que implica abrir mão do que entendemos que deve ser partilhado apenas em troca de uma remuneração. Porque, por vezes, é na partilha de ideias e soluções que se constrói uma audiência e, por sua vez, que surgem os clientes.


Temos ainda muito enraizadas regras do século passado como “o segredo é a alma do negócio” ou “não ofereças a única coisa que podes vender”. Quando olhamos a indústria do entretenimento vemos que temos disponível online milhões de conteúdos gratuitos e ainda assim milhões optam por subscrever serviços pagos. Porquê? Porque algumas empresas souberam acrescentar valor à disponibilização de conteúdos de entretenimento, que o público valoriza e, por isso, paga por ele.


Oferecer conteúdos, informação relevante e conhecimento gratuitamente, permite criar uma audiência, um conjunto de seguidores que nos consulta e segue porque entende que a informação disponível é relevante e acrescenta valor à sua vida.


Depois é uma questão de estatística. A famosa taxa de conversão. Quanto maior for a nossa audiência, maior será o número de pessoas que se converterão em clientes.


Na verdade, nós podemos ter acesso às melhores receitas dos melhores Chefs e restaurantes do mundo, que nada se sobrepõe à experiência de uma refeição preparada por esse Chef nesse restaurante estrela Michelin.


Hoje proponho-vos um exercício que eu própria tenho praticado:


Identificar que conhecimento, expertise adquiriram ou que produtos e serviços disponibilizam que podem ser oferecidos à vossa audiência, como forma de a capacitar em relação a determinado tema e de alargar a vossa audiência e comunidade de seguidores.


Estamos a falar de dicas, receitas, artigos de reflexão, sugestão de metodologias, programas e desafios semanais/ mensais etc. Neste exercício sugiro que considerem fazê-lo partindo destes dois princípios:

  1. Olhar para o mercado: neste Wikiworld, o tema ou o serviço/ produto que estou a criar pode já estar disponível gratuitamente nas plataformas digitais, por isso é importante perceber de que forma é que se pode acrescentar valor;

  2. Partir do ADN: a minha “receita” resulta da minha experiência, teve a minha mão na sua criação e por conseguinte, oferece resultados que são visíveis e podem ser validados por outros clientes, através de testemunhos que devemos sempre partilhar.

No conjunto dos vossos seguidores, haverá sempre os que, reconhecendo esta diferenciação e valorizando o conteúdo, porque lhes trouxe algo importante para a sua vida, se converterão em clientes.

O mercado, pejado de informação, está ávido de conteúdos com propósito. Vamos construir boas ofertas de propósito.


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Regressaram as aulas online e muitos de nós voltámos a dividir espaço, computadores, internet com crianças de idades e necessidades diferentes.


Gerimos horários e agendas comuns para tentar encontrar espaço para trabalhar, estudar, ter reuniões remotas e paralelamente organizar a casa, preparar refeições, acompanhar estudos e, com muita sorte, as brincadeiras dos filhos.


A tensão de saber que não se consegue chegar a todo o lado, muito menos bem, faz-nos sentir demasiadas vezes em falta, ou a falhar seja com o trabalho seja com os nossos filhos e familiares.


Se no primeiro confinamento era tudo novo e havia um certo romantismo na ideia de ficar em casa, neste segundo é visível o cansaço generalizado, a que se acrescenta uma preocupação com o futuro face a uma crise económica já muito presente. E no meio desta gestão, estamos todos com os nervos à flor da pele.


De há uns dias a esta parte, abro as redes sociais e leio desabafos de mães e pais como eu, preocupados com o futuro e com o impacto do isolamento na nossa vida e das nossas crianças.


As minhas preocupações sentem-se… nos ombros e na cervical… onde parece ser habitual a acumulação de tensões, segundo os osteopatas.


E o que tem isto a ver com o marketing?


Uma das atividades que mais gosto de fazer, quando estou a desenhar um plano de marketing, é analisar tendências.


“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Na sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes" escreve Klaus Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial no seu livro A Quarta Revolução Industrial, publicado em 2016.


A transformação digital é um navio em velocidade de cruzeiro. Quantos de nós já não vivemos sem um serviço de música digital como o Spotify? Só a alteração na forma como consumimos música mudou por completo esta indústria. É apenas um exemplo, dos muitos nas diversas indústrias, que têm dado origem a estudos que preveem que mais de 80% das profissões tradicionais vão desaparecer e que o emprego, como o conhecemos, também.


Estamos na transição para uma nova era e o período de mudanças profundas, como nos mostra a história, traz muitas dores a quem os vive.


No momento em que faço esta reflexão, acredito que olhar para o trabalho remoto como uma realidade que veio para ficar, não seja um cenário agradável. A verdade é que não é uma questão circunstancial porque é um movimento que começa antes da pandemia e que a crise de saúde pública acelerou, pondo pressão a nível individual e organizacional para mudarmos e nos adaptarmos à força.


Dado o contexto e por força das circunstâncias, muitas empresas estão agora a equacionar reduzir as suas estruturas físicas e manter este modelo de colaboração à distância.


E nós vamos ser convidados a trabalhar cada vez mais de forma autónoma e em espaço próprio.


Chamo-lhe “regresso a casa” quando faço esta reflexão com os meus clientes ou parceiros, porque há nesta perspetiva um lado emocional que nos liga de forma positiva ao momento, facilitando encontrar em conjunto as oportunidades, apesar das dores de um regresso imposto e não preparado.


Há nesta perspetiva, por um lado, um convite a regressar a nós, a perceber o que de facto importa e que pode permitir ajudar a ajustar a nossa vida e a nossa ação áquilo que de facto nos preenche e que vai de encontro ao nosso propósito. E, por experiência própria, quando o fazemos os resultados acontecem.


Há neste regresso também uma proposta: perceber que não podemos, nem temos que fazer tudo.


E por fim, mas não menos importante, se há dores, então há oportunidades para desenvolver produtos e serviços que possam responder a um conjunto cada vez maior de públicos que procuram:


1. criar o seu próprio negócio, utilizando as plataformas online para distribuir e promover os seus produtos e serviços – os empreendedores;


2. desenvolver processos de trabalho remoto que permitam atingir os resultados pretendidos, investindo na motivação, capacitação dos seus recursos e no desenvolvimento de uma cultura de empresa assente em relações remotas – as empresas;


3. produtos e serviços que possam ajudar a minimizar as dificuldades de uma reconfiguração da vida a um modelo de trabalho autónomo e à distância – os consumidores.


Neste mercado estou eu e tu... com dores nas costas. Precisamos de reformular a casa, de criar espaços adequados para estudar e trabalhar. Ou de procurar uma nova casa. E por que não fora dos grandes centros, já que podemos trabalhar remotamente? Precisamos de serviços de entregas de alimentos ou refeições, precisamos de praticar ioga, meditação, exercício... ou de apoio de profissionais das áreas de desenvolvimento pessoal que nos ajudam a encontrar o equilíbrio que parece estar em falta. Ah, e sem dúvida, um robô para limpar a casa.


É nesta análise empática das necessidades do mercado que surgem ideias, novas oportunidades para gerar rendimento e de formas inovadoras.


É o papel do marketing e dos marketeers.


É tempo de regressar a casa e reconfigurar a nossa vida.


Que o façamos de propósito.


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