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O regresso às aulas online, as dores nas costas e o marketing de propósito


Regressaram as aulas online e muitos de nós voltámos a dividir espaço, computadores, internet com crianças de idades e necessidades diferentes.


Gerimos horários e agendas comuns para tentar encontrar espaço para trabalhar, estudar, ter reuniões remotas e paralelamente organizar a casa, preparar refeições, acompanhar estudos e, com muita sorte, as brincadeiras dos filhos.


A tensão de saber que não se consegue chegar a todo o lado, muito menos bem, faz-nos sentir demasiadas vezes em falta, ou a falhar seja com o trabalho seja com os nossos filhos e familiares.


Se no primeiro confinamento era tudo novo e havia um certo romantismo na ideia de ficar em casa, neste segundo é visível o cansaço generalizado, a que se acrescenta uma preocupação com o futuro face a uma crise económica já muito presente. E no meio desta gestão, estamos todos com os nervos à flor da pele.


De há uns dias a esta parte, abro as redes sociais e leio desabafos de mães e pais como eu, preocupados com o futuro e com o impacto do isolamento na nossa vida e das nossas crianças.


As minhas preocupações sentem-se… nos ombros e na cervical… onde parece ser habitual a acumulação de tensões, segundo os osteopatas.


E o que tem isto a ver com o marketing?


Uma das atividades que mais gosto de fazer, quando estou a desenhar um plano de marketing, é analisar tendências.


“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Na sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes" escreve Klaus Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial no seu livro A Quarta Revolução Industrial, publicado em 2016.


A transformação digital é um navio em velocidade de cruzeiro. Quantos de nós já não vivemos sem um serviço de música digital como o Spotify? Só a alteração na forma como consumimos música mudou por completo esta indústria. É apenas um exemplo, dos muitos nas diversas indústrias, que têm dado origem a estudos que preveem que mais de 80% das profissões tradicionais vão desaparecer e que o emprego, como o conhecemos, também.


Estamos na transição para uma nova era e o período de mudanças profundas, como nos mostra a história, traz muitas dores a quem os vive.


No momento em que faço esta reflexão, acredito que olhar para o trabalho remoto como uma realidade que veio para ficar, não seja um cenário agradável. A verdade é que não é uma questão circunstancial porque é um movimento que começa antes da pandemia e que a crise de saúde pública acelerou, pondo pressão a nível individual e organizacional para mudarmos e nos adaptarmos à força.


Dado o contexto e por força das circunstâncias, muitas empresas estão agora a equacionar reduzir as suas estruturas físicas e manter este modelo de colaboração à distância.


E nós vamos ser convidados a trabalhar cada vez mais de forma autónoma e em espaço próprio.


Chamo-lhe “regresso a casa” quando faço esta reflexão com os meus clientes ou parceiros, porque há nesta perspetiva um lado emocional que nos liga de forma positiva ao momento, facilitando encontrar em conjunto as oportunidades, apesar das dores de um regresso imposto e não preparado.


Há nesta perspetiva, por um lado, um convite a regressar a nós, a perceber o que de facto importa e que pode permitir ajudar a ajustar a nossa vida e a nossa ação áquilo que de facto nos preenche e que vai de encontro ao nosso propósito. E, por experiência própria, quando o fazemos os resultados acontecem.


Há neste regresso também uma proposta: perceber que não podemos, nem temos que fazer tudo.


E por fim, mas não menos importante, se há dores, então há oportunidades para desenvolver produtos e serviços que possam responder a um conjunto cada vez maior de públicos que procuram:


1. criar o seu próprio negócio, utilizando as plataformas online para distribuir e promover os seus produtos e serviços – os empreendedores;


2. desenvolver processos de trabalho remoto que permitam atingir os resultados pretendidos, investindo na motivação, capacitação dos seus recursos e no desenvolvimento de uma cultura de empresa assente em relações remotas – as empresas;


3. produtos e serviços que possam ajudar a minimizar as dificuldades de uma reconfiguração da vida a um modelo de trabalho autónomo e à distância – os consumidores.


Neste mercado estou eu e tu... com dores nas costas. Precisamos de reformular a casa, de criar espaços adequados para estudar e trabalhar. Ou de procurar uma nova casa. E por que não fora dos grandes centros, já que podemos trabalhar remotamente? Precisamos de serviços de entregas de alimentos ou refeições, precisamos de praticar ioga, meditação, exercício... ou de apoio de profissionais das áreas de desenvolvimento pessoal que nos ajudam a encontrar o equilíbrio que parece estar em falta. Ah, e sem dúvida, um robô para limpar a casa.


É nesta análise empática das necessidades do mercado que surgem ideias, novas oportunidades para gerar rendimento e de formas inovadoras.


É o papel do marketing e dos marketeers.


É tempo de regressar a casa e reconfigurar a nossa vida.


Que o façamos de propósito.


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